J.B.ROMANI

Eu colho as pedras do caminho como se fossem uvas e bebo a poeira como se fosse vinho.

Textos

Lentamente ela passa o baton,
e passa o esmalte nas unhas da mão,
não liga se a criança abandonada
debaixo da ponte tem pão ou não.

Põe o brinco de ouro na orelha,
escova o cabelo esvoaçante,
não se importa com o frio do andarilho,
nem com a amargura do mendigo errante.

             É luxo, é luxo, é luxo em vão,
             não existe límite prá essa ilusão,
             então eu pergunto:           Prá que tanto brilho?
             se os vermes do cemitério não fazem questão.

Na academia ela modela as pernas,
e com cirurgia, acerta o nariz,
não liga pro velho sem hospital
ou menino de rua com olhar infeliz.

No salão de baile ela se diverte,
sempre pensando na badalação,
não liga prá família carente
que perdeu tudo na inundação.

            É luxo, é luxo, é luxo em vão
            não existe límite prá essa ilusão,
            então eu pergunto:      Prá que tanto brilho?

            Se os vermes do cemitério não fazem questão.
J B ROMANI
Enviado por J B ROMANI em 13/12/2008


Comentários
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Rafael Castellar das Neves
Oi João...vim conferir...gostei muito do que encontrei, valeu a pena... Acho que já havia visitado seu site, assim que entrei, me lembrei daquela imagem. Fico contente de que vc tenha gostado do meu trabalho e principalmente por não ser qualquer um...rs Grande abraço, Rafael
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A letra está bem contestadora,João!Pena não podermos ouvir a melodia,mas imagino que seja um luxo só!Afetuoso abraço,

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